Leão Lopes (nasceu em Porto Novo, Santo Antão, Cabo Verde, em 1948) é um realizador de cinema, escritor, artista plástico e professor cabo-verdiano. Como cineasta, destacou-se pela realização da primeira longa-metragem de ficção cabo-verdiana, Ilhéu de Contenda (1996), baseado no romance homônimo de Teixeira de Sousa. É também autor de vários documentários, entre os quais se destacam Bitú (2009) e São Tomé: os últimos contratados (2010). Em 1979, fundou, na cidade do Mindelo, a ONG AtelierMar, dedicada à formação e capacitação cultural e ao desenvolvimento local, que ainda preside. Foi Ministro da Cultura e Comunicações do Governo de Cabo Verde durante a legislatura de Carlos Veiga (1991-2000) e é, presentemente, deputado na Assembleia Nacional de Cabo Verde, eleito pelo partido MPD. Fundou, na cidade do Mindelo, o Instituto Universitário de Arte, Tecnologia e Cultura (M_EIA), onde desempenha as funções de reitor e professor. Leão Lopes é licenciado em Pintura pela Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa e doutorado pela Universidade de Rennes II, França, com uma tese sobre o escritor cabo-verdiano Baltazar Lopes. Foi também cofundador e editor da revista Ponto & Vírgula (1983-1987). É consultor do projeto “UNESCO’s Global Report on Culture and Sustainable Urban Development regional survey for Portuguese speaking countries”, coordenado por Walter Rossa e financiado pela UNESCO. Tem desenvolvido, ao longo dos anos, uma intensa atividade nos domínios da criação artística que passam pela literatura, artes plásticas, design e cinema, assim como na docência e investigação aplicada a ações de desenvolvimento de comunidades rurais e urbanas em Cabo Verde. Nesse sentido, é autor e realizador de inúmeros documentários e com vários em preparação.
Cabo Verde, 1964. Sob a grandeza do vulcão, a sociedade tradicional transforma-se. A velha aristocracia detentora das terras começa a desintegrar-se. Surge uma classe de mulatos cujo poder econômico assenta sobretudo no comércio. Lentamente nasce uma nova identidade, uma mistura do velho com o novo, da cultura africana com a portuguesa, de sensualidade e dinamismo. As canções de Cesária Évora acompanham esta transformação inevitável. Baseado no romance homônimo de Henrique Teixeira de Sousa, Ilhéu de Contenda foi o primeiro filme a ser realizado com apoio do, entretanto extinto, Instituto Cabo-verdiano de Cinema.
Prêmios e Festivais
Prémio de Melhor Música FESPACO - Panafrican Film and Television Festival of Ouagadougou, Burkina Faso (1997)
Primeiro Prêmio do Festival de Cine Internacional de Ourense, Espanha
Bitú é pintor de profissão. Tanto pinta paredes como “quadros de arte” sobre muros de bares, dancings, fachadas de edifícios ou painéis de publicidade. Mas é no Carnaval do Mindelo que Bitú mais dá largas à sua imaginação e criatividade.
Através de Bitú este filme lança um olhar sobre a produção artística e contemporânea na cidade do Mindelo, em Cabo Verde.
Bitú é um documentário que transporta o espectador para o universo da cultura popular dos artistas sãovicentinos.
São Tomé: os últimos contratados, 2009, Documentário
Sinopse:
Segundo António Carreira, a emigração para São Tomé e Príncipe teria tido início em 1863. A cultura intensiva do cacau acabava de ser introduzida no arquipélago. Era necessária mão de obra também intensiva. A administração colonial portuguesa recorreu a expedientes vários para coagir angolanos, moçambicanos e cabo-verdianos a emigrarem sob contrato temporário para as roças de São Tomé e Príncipe. As condições de trabalho dos contratados ou serviçais nessas roças eram de tal forma degradantes que o cacau produzido nessas ilhas foi nessa altura apelidado pelos ingleses de cacau escravo.
Em Cabo Verde a fome de 1947-1949 junto a efeitos da 2ª Grande Guerra é o culminar de mais uma das muitas crises profundas que fustigavam o arquipélago. S. Tomé era um destino, a derradeira alternativa para grande número de cabo-verdianos que migrava na esperança de uma vida melhor. Alguns dessa leva regressaram; muitos outros ficaram nas ilhas, quase esquecidos.